08 fevereiro 2007

Coisas da Carlota... Um mundo difícil de explicar...


Verdade seja dita, da Carlota e das suas experiências
Não faz a igreja parte constante.
Por isso algumas das suas insistências,
Perante um mundo para si deslumbrante.

Entre as suas vivências mais recentes,
Consta um presépio vivo em dia de Janeiras cantar.
Depois de ver Cristo vindo ao mundo de todos recebendo presentes,
Com teatros e teatrinhos passou a Carlota a sonhar.

Numa ida à igreja em dia sem festejo especial,
Menina de boa memória,
Perante Padre de vestes vermelhas, distintas do habitual,
Eis que do presépio vivo lhe surge o retrato...
Dizendo logo à mamã: "Espera aí, espera aí, que eu quero ver o teatro! "

Em dia marcado para D. Branca recordar,
A Carlota foi à missa, e lá bem na frente quis ficar,
Não lhe fosse qualquer pormenor escapar!

No seu próprio papel, muito compenetrada,
Até porque se trata de menina bem comportada,
Muito beata, ia sempre bichanando fingindo rezar,
Não fosse por herege ela passar!

Cumprindo a preceito os tramites da celebração,
Lá se foi levantando, sentando, ajoelhando...
Assentindo a tudo com enorme devoção.

Intrigada com uma Sra. que de joelhos permanecia,
E achando que do padre aquilo não seria de grande agrado,
Sempre com boas intenções insistentemente lhe dizia:
"Já te podes levantar, já está tudo levantado!"

Como quase tudo desconhece,
Muitas mais coisas "estranhas" cativaram o seu olhar...
Lá sabia ela que na missa houvesse coisa que se desse!?!
"Vamos lá ver mãe o que estão a dar!"

"O corpo de Cristo" - Eis que diz o padre.
Que coisa estranha...
É questão que na sua cabecita se lhe entranha...
E pergunta: "Oh mãe, de que parte?"

"O corpo de Cristo é um símbolo Carlota" - Explicou então a mãe
"Assim as pessoas ficam cheias de Deus"
"Cheias como?" - mais um dos enigmas seus.
"Ficam boazinhas e começam a fazer bem!"

As perguntas continuam... "Porque é que não vamos mãe?"
"A mãe não pode e tu também!
Tu a 1ª comunhão não fizeste ainda,
E a mãe de se confessar tinha "

Mais uma coisa nova... "O que é isso de confessar?"
"É ao padre o que de mal fiz contar "
"Tinhas muito para contar também...
Ias lá ficar muito tempo não era mãe?"

Não fosse a Carlota menina muito atenta,
Eis que ouve o nome da avó Branca.
"Mãe eu quero ver a avó", diz ela de forma ternurenta.

"Não podemos filha. Não conseguimos ver a avó."
"Porquê? Onde é que ela está?"
"Está no céu e agora é um anjo."
"E não a podemos ver? - tamanho é o seu desejo...
Os anjos não se vêem filha, mas ela anda por cá!"

Sem comentários: